terça-feira, 14 de abril de 2009

Estâncias para Música


Estâncias para Música Alegria não há que o mundo dê

como a que tira.

Quando do pensamento de antes

a paixão expira Na triste decadência do sentir;

Não é na jovem face apenas o rubor

Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor

Vai-se antes de que a própria juventude possa ir.

Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura

Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;

O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta

a obscura Praia que nunca atingirão

os panos lacerados.

Então, frio mortal da alma, como a noite desce;

Não sente ela a dor de outrem,

nem a sua ousa sonhar; toda a fonte do pranto

o frio a veio enregelar; Brilham ainda os olhos:

é o gelo que aparece.

Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada

Na meia-noite já sem esperança de repouso:

É como na hera em torno de uma torre já arruinada

Verde por fora e fresca, mas por baixo cinza anoso

Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas

Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto

Parecem doces

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